terça-feira, 28 de abril de 2009

Quando a lua sorri

Dando seqüência à série de  textos curtos, segue uma pequena crônica de parágrafo único. Esse acabou de sair do forno. A idéia nasceu enquanto eu voltava do futebol, há umas duas horas atrás, e olhava para o céu, entre uma parada e outra. Enquanto me lembrava de um sorriso que eu havia vislumbrado pouco antes do pôr-do-sol, vi que a Lua o tentava imitar. Não por acaso. O Satélite Natural fazia isso só para me provocar!

Lua Nova
por Maxmiliano Franco Braga

    Voltando para casa, por volta das vinte e trinta da noite, olhei para o céu e vi um sorriso. Branco como lebre, um sorriso bobo, um sorriso alegre. Eu olhava para os carros à minha frente, com luzes vermelhas e laranjas que piscavam. O sinal fechou e parei. Olhei novamente para o céu. Não havia estrelas, só um manto azul escuro, quase negro, e o sorriso debochado cintilante. Uma luz forte piscou atrás de mim. O semáforo estava verde. Enquanto arrancava olhei uma vez mais para o sorriso contente. Vendo minha imagem no retrovisor percebi que eu também sorria para o céu.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Dois sonhos, um sorriso

Hoje resolvi tomar um atalho pelo caminho de textos curtos. Não que eu queira tropeçar no mesmo caminho da Chapéuzinho Vermelho, mas hoje quero tentar dizer muito falando pouco.
Dois sonhos, um sorriso
por Maxmiliano Franco Braga

    Acordei sorrindo. O motivo era a lembrança de um sonho bom que tivera à noite. Já acordado, mas ainda sem me levantar, fechei bem os olhos franzindo a testa. Pensei que esse gesto pudesse me ajudar a registrar aquela seqüência de imagens, sons e sentimentos que me embalaram durante um curto, mas agradável, período da noite.
    Gestos em vão. Os dedos na fronte não seguraram o roteiro do que eu havia sonhado. E os olhos fechados não me ajudaram a manter o foco naquilo que eu queria lembrar. As idéias se espalharam pelo ar, como a fumaça de uma vela que teve a chama soprada.
    Esquecer o que sonhei não foi, entretanto, suficiente para acabar com minha alegria. Embora não lembrasse o enredo, ainda guardava a personagem. Enquanto eu ia esquecendo os fatos, uma foto se formava em minha mente. Era um retrato sépia de uma menina sorrindo. E, de repente, o retrato tomou vida. E eu já estava sonhando de novo. Desta vez, porém, acordado. A imagem do sorriso foi ganhando cores e a menina, cada vez mais viva, me encarava com olhar firme e brilhante.
    A lembrança do sonho noturno havia evaporado, mas havia agora um sonho matinal que mantinha em mim o sorriso com o qual eu havia acordado.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

terça-feira, 21 de abril de 2009

Drawing Hands

Drawing Hands by M. C. Escher

Brinquedinhos novos...

Da direita para a esquerda:
- Bass Limmiter [Groovin]
- Ultra Bass Flanger [Bheringer]
- Bass Chorus [Bheringer] (esse já é velho de casa)

Os três acondicionados no meu novíssimo Pedal Board da Boss. Agora dá pra controlar um pouco mais o barulho.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Um Dó, La, Si e...

Vinha guardando esse texto para mostrar a amigos. Mas então pensei... por que não postá-lo? Afinal, muitas dessas pessoas queridas acabam, uma hora ou outra, acessando meu blog.

Esse texto foi digitado em poucos minutos numa noite qualquer, depois que passei o dia todo imaginando e reprisando o diálogo mentalmente. Eu gostei muito de fazê-lo. Achei divertido de ler depois de pronto.

Dó, Lá, Si

por Maxmiliano Franco Braga

    Ela termina o café enquanto ele entra trazendo os pães. Ele batuca com dois baguetes na mesa e ela responde tilintando a colher do açúcar na taça de suco. Pronto! É sinal de que irá começar novamente uma velha discussão. Você tem sorte! Essa é das boas. Quem ouve e vê pela primeira vez pensa que é puro improviso. Parece uma conversa normal que caminha para uma discussão. Eles parecem medir o que vão dizer, procurando com cuidado as palavras. Porém, para alguém que já assiste a esta discussão há décadas, como eu, é ainda mais fascinante. Parece até que eles seguem um roteiro. Palavra por palavra. Nota por nota. Nunca faltou uma letra sequer. Nada muda. Nem as frases, nem os pontos, nem as vírgulas. O assunto é sempre o mesmo. Os argumentos não mudam. E o vencedor, sempre se repete. Não sei como não se cansam. Parece até um ritual. Mais pontual que oração matinal. Tão certo quanto no prato dele tem leite e cereal. Olhe lá! Já vão começar. Silêncio. É sempre ele quem fala primeiro. Não! Não olhe para mim. Olhe para eles. E cuidado para não ser visto por trás da cortina. Eles são tímidos. E não pise as margaridas. Ela as ama mais do que gosta provocar o marido.
    - Dó é ou não é a nota mais bela?
    - E o que há de belo em algo tão grave?
    - É aí que está a beleza. Entra pelos ouvidos e faz-te tremer-te por dentro. Sentes todo teu corpo vibrar em uma só freqüência. É como a beleza da rosa que passa por teus olhos e te faz arrepiar.
    - Entretanto a beleza da rosa é aguda, como um belo, longo e estridente si. Tão delicada ela é quanto a mais fina voz feminina.
    - Confesso que percebo todo o encanto da voz feminina. Da tua inclusive, que é a mais perfeita que na terra já ouvi. Ainda assim, o mais belo som que eu já ouvi foi o mais grave que com tua fina voz conseguiste produzir. E digo mais! O dó vem primeiro. É o princípio. Abre tudo!
    - Não te lembras que antes de qualquer dó há um si?
    - Ah, tenha dó! Agora tu vens com uma falácia! É como dizer que dezembro vem antes de janeiro...
    - E não vem? Ah, se vem! Antes de qualquer janeiro vem dezembro.
    - Sim! Mas é um dezembro passado, morto e enterrado. Se antes de qualquer dó vem um si, saibas que antes deste si existe um lá, antes do qual há um sol, precedido por fá, que não vem antes de um mi, o qual precede um ré, que só veio depois do dó!
    - Ah, tenha dó! Tu e tuas convenções. Se pensares assim, terás sempre um ciclo sem fim!
    - Pois não é! Para tudo na vida existe um começo. E eu digo que nas escalas musicais é o dó! É a primeira nota da escala perfeita sem acidentes, portanto é o princípio de tudo. Se pensares que um dia chegarás à primeira escala, e antes dela não haverá outra, estejas certa que no início dela, encontrarás o mais grave e notório dó.
    - Pois eu discordo! Lá pode muito bem ser a primeira. Pois para mim, perfeição de escala é algo de ser menor. Não precisa ser nada grande ou maior do que já conheço. Basta começar em lá, também sem acidente algum. E digo mais! Qual é a primeira letra do alfabeto? Não precisa dizer. Se quiser, apenas pense. Pois bem! Minha escala começa com A.
    - És tu advogada de quem? De Lá ou de Si, mesmo?
    - Sou defensora da justiça. E não vejo nada de justo em eleger um filho predileto.
    - Pois deixa-me escolher os meus favoritos que para ti eu deixo os teus. 
    - Falas como um pintor que só usa o marrom, e joga no ralo todas as outras belas cores que poderia misturar na tela. Tenta, então, fazer música com tuas grossas cordas de navio usando apenas dós, que eu do meu clarim sopro tudo o que quiser, de lá à lá. Aí está o meu protesto!
    - Insistes em começar com lá. Pois pra mim tudo começa com dó. Da escala maior, a primeira cantada e a primeira emitida. Quando Adão disse sua primeira sílaba, tenho certeza que se não foi dó, foi, ao menos um ó, ao falar com Deus e admirá-lo.
    - Quanta arrogância. Suponha, e esta será apenas uma hipótese, que eu aceitasse teu dogma de que o dó é a primeira nota, então tu terás que concordar comigo que o si é o gran finale. O que melhor pode haver para terminar tua doída escala iniciada com dó? 
    - Veja bem, minha querida, e pense com cuidado. Se, e somente se, teu si está na minha bela, perfeita e magnífica escala de dó maior, que começa em dó, este si só pode estar antes do meu último dó, a oitava que me completa. Ou esqueceste que o fim é quase o começo?
    - Ah! Tenha dó! Tu e tuas convenções.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Tá na hora...

"Tá na hora de você pensar de novo
Nas porquêra que ocê faz na sua vida
Ê vida sofrida
Esse ano vô curá minhas firida"
                    (Pato Fu)

Acampamento Escoteiro

Na Semana Santa aconteceu o Acampamento do Grupo Escoteiro Goyaz. O GE do qual participou, o Grupo Escoteiro Cruzeiro do Sul, foi convidado para participar e não decepcionamos. Levamos nossas duas seções: Alcatéia e Tropa Escoteira.

Como imagens falam mais que palavras, eis aqui algumas fotos.




















quinta-feira, 9 de abril de 2009

Uma nova jornada

Agora é mochila nas costas e pé na estrada.

Já dizia um grande amigo meu: "Cada passo que se dá é um pé que vai pra frente." A frase é do tipo isso-era-pra-ser-engraçado, mas acho que transmite a mensagem. Preciso aprender a seguir novas pistas, trilhas e rumos. Cruzar pontes e travessias. Está na hora de levantar. Partir e andar.

Começar, ou recomeçar, é sempre difícil. Mas é preciso. Na verdade, é necessário, ainda que impreciso.


* * *


Em tempo, Feliz Páscoa! Que o verdadeiro sentido da data esteja no coração de cada um. No coração... e não somente no estômago cheio de chocolate.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Marco zero!

Imaginando linhas que não existem, aqui é onde o Greenwich encontra o Equador.

Exibir mapa ampliado

domingo, 5 de abril de 2009

Um Sol acima do Sol



Acima do Sol
Skank (Chico Amaral / Samuel Rosa)

Assim ela já vai
Achar o cara que lhe queira
Como você não quis fazer
Sim, eu sei que ela só vai
Achar alguém pra vida inteira
Como você não quis...

Tão fácil perceber
Que a sorte escolheu você
E você cego, nem nota
Quando tudo ainda é nada
Quando o dia é madrugada
Você gastou sua cota...

Eu não posso te ajudar
Esse caminho não há outro
Que por você faça
Eu queria insistir
Mas o caminho só existe
Quando você passa...

Quando muito ainda é pouco
Você quer infantil e louco
Um sol acima do sol
Mas quando sempre
É sempre nunca
Quando ao lado ainda
É muito mais longe
Que qualquer lugar...

Um dia ela já vai
Achar o cara que lhe queira
Como você não quis fazer
Sim, eu sei que ela só vai
Achar alguém prá vida inteira
Como você não quis...

Se a sorte lhe sorriu
Porque não sorrir de volta
Você nunca olha a sua volta
Não quero estar sendo mau
Moralista ou banal
Aqui está o que me afligia...

Um dia ela já vai
Achar o cara que lhe queira
Como você não quis fazer
Sim, eu sei que ela só vai
Achar alguém pra vida inteira
Como você não quis...

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Ao léu

Mais um poema feito ao acaso, para quem acredita em acaso... Para quem não acredita, foi ao léu do destino.

Ao léu
por Max Braga

Um verso discreto,
Ao avesso, ao acaso.
Um corte incisivo
Não muito fundo, não muito raso

Uma frase,
A letra a sem crase.
Uma canção,
A melodia sem refrão.

A poesia sem magia,
Estrofes sem métrica,
Linhas sem rimas,
Palavras repetidas.

Poesia é um porre.